E daí, já pensou no seu envelhecimento?


Envelhecimento. Quantas vezes você parou para refletir sobre o seu envelhecimento? Sim, todos nós estamos ficando velhos, e isso acontece desde o exato momento que nascemos: cada minuto que se passa envelhecemos mais um pouco. É que por tanto tempo o envelhecimento esteve associado a doenças, solidão, depressão, desprezo, que o assunto virou tabu. As mulheres então, não querem sequer falar suas idades.

Mas não dá para fugir da realidade. No ano passado o IBGE divulgou a projeção da população até 2060. O cenário demonstra um rápido envelhecimento da população. Em 2040, o número de idosos já será superior ao número de crianças e adolescentes com até 14 anos, 17,4% de idosos contra 16,8% de adolescentes. Em 2060 o índice de idosos já será de 25,5%.

E a tendência é que esses números venham a se consolidar cada vez mais, visto que o relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em abril deste ano sinaliza um crescimento de 5,5 anos da expectativa de vida global, elevando de 66,5 para 72 anos. Esse índice não é igual em todos os países, sendo impactado principalmente pela renda: países com menor renda, a expectativa de vida pode ser até 18,1 anos menor. No Brasil, segundo o IBGE, os números chegam a 72 anos e 5 meses para os homens e 79 anos e 4 meses para as mulheres.

Com base nesses dados, voltamos a perguntar: quantas vezes você parou para refletir sobre o seu envelhecimento? Se ainda não o fez, está na hora.

O que você tem feito para garantir um bem viver, com o equilíbrio do corpo e da mente? E mais do que isso: é preciso avaliar também como as cidades estão se estruturando para garantir serviços, entretenimento, o direito básico de ir e vir, o direito a uma vida de qualidade. 

 

CIDADES AMIGAS

Atentos ao expressivo envelhecimento da população, a OMS desenvolveu a Rede Mundial de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas, com objetivo de incentivar que as cidades a despertem o olhar para o envelhecimento, repensando e adaptando estruturas e serviços, de forma a incluir as pessoas de todas as idades.

Em 2018, quatro cidades brasileiras receberam a certificação internacional. São elas: Pato Branco (PR), Esteio (RS), Porto Alegre (RS), e Veranópolis (RS). Ao todo já são mais de 600 cidades, em 37 países, trabalhando em rede para proporcionar um envelhecimento saudável.

Olhando para a realidade de Guaíba e cidades da região, não é preciso andar muito para perceber que não estamos estruturalmente preparados para o envelhecimento da sociedade. É importante que sejam observados tantos os aspectos que garantam um tranquilo ir e vir, como também o fácil acesso a serviços e entretenimento. Falamos tanto das condições das vias públicas e calçadas, com os buracos e ambulantes que ocupam os passeios; como de opções de transporte, altura dos batentes dos ônibus e das opções de entretenimento, que não existem.

 

MUDAM AS CIDADES, AS ROTINAS E AS CASAS

Em casa, também é importante pensar em soluções que garantam o bem viver. Isso tem ajudado no fortalecimento de uma profissão nova: os cuidadores de idosos. É a profissão que mais cresceu no Brasil, na última década: exatos 547%. Ele responsável direto por todas as esferas de vida do assistido: alimentação, higiene pessoal, administração de medicação, observar funções fisiológicas, integridade física e psíquica, estimular a autonomia, autoestima e segurança pessoal, além de seguir as orientações dos terapeutas e família.

 

A profissão ainda não está regulamentada, não existindo regras muito claras sobre cursos e capacitações. Hoje um curso de cuidador gira em torno de meses de dedicação, vocação e visão sobre o futuro que nos aguarda.

O espaço do idoso deve ser bem pensado. Uma casa de repouso, ou nosso próprio lar precisa de cuidados diferenciados e simples, como piso antiderrapante, os móveis precisam estar firmes em seus lugares, porque geralmente são usados como apoio; tudo muito bem iluminado e preferencialmente ao alcance das mãos, para que a pessoa não invente de subir em escadas ou cadeiras para buscar nada.

Qualquer adaptação age diretamente na qualidade de vida, por garantir ao idoso segurança nas atividades diárias, associada a liberdade de fazer coisas básicas sem precisar ter alguém sempre ao seu lado.  E a preocupação  por projetos de adaptação de espaços ainda é muito pequena,  porque não pensamos que podemos sim chegar lá.

 

A BUSCA POR CONHECIMENTO NÃO TEM IDADE

Estimular sempre o aprendizado não deixa ao menos nossa mente envelhecer na velocidade do corpo.  No levantamento mais recente, Censo de Educação Superior de 2017, constam 18,9 mil universitários no Brasil, com idades entre 60 e 64 anos, e 7,8 mil com faixa etária acima de 65 anos.

Luta contra ditadura, revoluções na música, revolução sexual, o uso da pílula, tudo isso tem forte influência na construção dessa nova velhice, e diferente da adolescência, que dura entre quatro e cinco anos, a velhice pode durar mais de 40 anos.

A sociedade ainda precisa evoluir muito no cuidado e respeito com os idosos. Os orientais tem a concepção de que os mais velhos ajudam os mais jovens, transmitem conhecimento e experiências, e por parte dos jovens existe uma base de respeito muito grande. Na nossa cultura não é assim. Aqui se você é idoso, você está velho, fica jogado nos cantos. O envelhecer te dá liberdade: você tem experiência, tem voz, tem direito de escolha. Quando você quer realmente algo, tem que seguir em frente, não tem idade para aprender, não tem idade para se relacionar, não tem idade para conhecer o mundo.

 

 

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