Música que reflete o que é ser negro no Brasil


 

Ser artista sempre haverá um preconceito escancarado conforme o gênero defendido, ser negro então potencializa este entrave para o devido reconhecimento. Mas nas artes a musica acaba sendo a democracia racial, reafirmando os valores humanitários através da arte e do talento e não pela cor ou qualquer outra objeção.   E não vamos longe para confirmar esta luta no meio artístico de quem já ganhou lugar ao sol: De Clementina de Jesus a Rico Dalasam, passando por Jorge Ben Jor, Elza Soares e Leci Brandão.

Dia 25 de julho foi O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana Caribenha e o E+News aproveita da notoriedade da Soteropolitana Rebeca Tarique  (@rebecatarique) para enaltecer o talento de mulheres que representam com maestria a cultura através da música com fortes laços com a africanidade.  Ela que transita de norte a sul do país, com incursões aqui pelo estado, ostenta como poucas vozes, em seus 9 anos de carreira, uma maturidade de alta grandiosidade e que leva o canto de mulheres negras com a representatividade baiana.

O E+Show foi entender  como num universo de intempéries e desigualdades é fazer sucesso lutando contra o preconceito de uma mulher sendo negra, mulher, artista e ainda defendendo a voz da cultura afro.

 

  1. O viés de sua musica é totalmente voltada para as raízes afro. Qual o teor das mensagens que passa?

Raízes Afro-ameríndias, a mensagem da minha música é afirmação da identidade, resgate da nossa ancestralidade através da história cantada dos nossos antepassados, meu canto é o canto do oprimido, que combate a imposição da miséria, é o respeito a diversidade e a comunhão do povo através do respeito e garantida da dignidade humano. Esse é o meu forte canto, atalaia do mundo.

 

  1. Acredita que em pleno 2020 possível, através da arte atravessar  a linha tênue entre o preconceito e a inclusão em definitivo de todas as diferenças, seja ela de  raça, sexo, religião?

Sim, eu vejo a arte como instrumento fundamental para o processo de democratização real de uma nação e a partir dela a desconstrução do Racismo, Sexismo, Xenofobia, Homofobia, Lesofobia e todas as discriminações correlatas. A arte é a cura para todas essas doenças discriminatórias, ela reduz os efeitos dos danos que todo preconceito de uma sociedade adoecida causa na vida das pessoas. E eu não percebo outra forma se não através da arte.

  1. Qual a sua maior inspiração para as criações?

Minha ancestralidade, minhas raízes, minha família em especial meu filho, minha comunidade, minha religiosidade e sacerdócio, além de artista como minha avó Maria Salomé e meu Babalorixá Pai Paulinho d’ Xoroquê.

 

  1. Sua maior realização em trabalhar com algum artista de reconhecimento nacional no cenário artístico?

Eu tive e tenho o privilegio em trabalhar com meu padrinho Mateus Aleluia, e desejo ainda gravar com 4 grandes artistas que admiro muito Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

 

  1. O isolamento social lhe trouxe inspiração e foi tempos de rever novas formas de incluir na sua arte?

Sim, principalmente de como a cultura digital tem sido nosso maior instrumento de popularização e acesso a arte então é o momento de repensar um novo modelo para a classe artística musical que se enquadre a estes instrumentos, nos adequando as novas formas de realização de nossos projetos a partir dessas ferramentas, esse isolamento também aflorou o entendimento que a minha música é um potencial politico que reverbera minha identidade, a realidade do meu povo. E de como posso lutar por um mundo melhor através do meu cantar que transcende a concepção do “apenas entreter”.

PROJETOS REALIZADOS: Gravação do meu primeiro EP, lancei o Show Obrin em 2017, 2019 gravei a música oficial do Bembé do Mercado (Festa pública religiosa centenária de Santo Amaro), cantei em diversos Teatro Consagrados da Bahia, Shows no Rio de Janeiro, São Paulo, Cantei na lavagem da escadaria de Prefeitura de Porto Alegre, fiz participação em série baiana, fiz carnaval no Maranhão, intercâmbio e formação com um maracatu em Pernambuco, canto já alguns anos no carnaval da Bahia.

PRÓXIMO PROJETO: Gravação do CD e DVD

 

 

 

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